segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sunshine

Admito que o verão nunca foi minha estação preferida. Toda aquela beleza im/explícita naqueles dias quentes e ensolarados me deixavam desconcertada, como se cada manhã de sol pedisse um sorriso sincero, implorasse que a alma curasse, que a mente aliviasse e os pedaços voltassem ao seu lugar. Apesar de tudo, a sensação de estar pela metade -ou até vazia - nunca me abandonou. Já a esperança, tinha ido cedo - até de mais.

Foram tantos verões, com a mesma sensação, o mesmo medo, a mesma aflição quando outubro se aproximava, até o momento em que eu resolvi abrir a janela, botar o rosto pra fora, sentir a brisa quente e ver você, ali mesmo, em constante movimento, porém sempre ali, me esperando, me desejando, cuidando de mim. Foi como um pôr do sol ao contrário. Ao invés de me cegar, me abriu os olhos, me abriu o desejo, fez-me sentir menos louca e mais sonhadora, segurando a minha mão e disposta a flutuar aos sete ventos - sete, pra dar sorte - com a pureza do amor e a leveza da música.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Something

(Para ler ouvindo Something, Beatles)

É incontrolável, aquele riso de lado, a sensação de estar instacta, aquele aperto no peito cada vez que vejo o cigarro queimando no cinzeiro e apenas uma xícara de café na mesa. A música não pára, por mais que eu desligue o rádio, é como se sintonizasse na minha mente, aqueles versos, muitas vezes susurrados entre breves beijos e alguns olhares desconcertados... É nesse ponto, em que me obrigo a dizer, não vá! Apenas, fique. Enquanto houver aquela coisa, fique.
Durante um ano, ou até dois talvez, era como se um círculo de fogo se fechasse ao redor de mim, e brasas me queimassem deixando as feridas surperficiais mais doloridas de toda a minha vida. E quem disse que superficialidade não dói, sem enganou meu caro. Não há coisa pior que estar nas nuvens buscando o impossível enquanto há alguém com os pés cravados no chão, brincando contigo como se brinca com pipa.

Ela costumava enumerar todas as razões para que eu acreditasse o quão idiota eu era, por me sentir num conto de fadas. E eu tentava explicar que eu criara um castelo, só nosso. Enquanto ela dizia: acorda, é vida real - e continuava, me puxando e soltando no ar, me deixando desnorteada. Até que um dia aprendi, a corda arrebenta. Arrebentou.